junho 22, 2011
DIÁRIO DE BORDO - PARTE 4
Hoje foi um dia diferente... tomamos café como todos os dias e fomos para o quarto nos preparar para o treino... de repente Agnaldo bate na porta e diz: “treino cancelado, o vento está muito forte”...
Não posso dizer que ficamos felizes, pois ao mesmo tempo que aquilo significava não entrar na água fria, também significava que a coisa estava feia... Um vento de cerca de 60km/h fazia com que o mar estivesse muito mexido, tornando impossível qualquer entrada na água. Para quem aguarda por uma notícia de bons ventos para a travessia, essa realmente não era uma boa forma de começar o dia. Me lembrei que um dia bloguei sobre uma prova em que Éolo e Netuno pareciam estar de mau humor... bem, hoje eles não estavam apenas de mau humor, estavam absolutamente revoltados!!!
Acho que agora começamos a viver mais o momento de expectativa por uma brecha dos ventos e do mar. O Igor e o Agnaldo passam o dia vendo as previsões do tempo e falando com Andy, nosso piloto. Estudar as marés faz parte do dever de casa e faz toda a diferença para a decisão final. Não existe dia certo, hora certa... o que existem são possibilidades e a tarefa dos nossos “chefes” é escolher a melhor delas.
Confesso que hoje foi o dia que mais me pegou na expectativa até aqui... até agora não havíamos falado muito sobre quando, que horas, etc... agora a “coisa” toda vai ficando mais real e vai nos fazendo pensar em tudo isso. Quando desci à tarde para escrever (só pega internet no saguão do hotel), conversei com meu irmão pelo Skype e contei do que estava acontecendo. Ele, então, contou para mim um pouco do que ele mesmo passou ao fazer o Caminho de Santiago...
“No meu primeiro dia em Santiago estava chovendo
Na primeira pedalada a bike quebrou
Sentei e pensei o que eu tava fazendo naquele fim de mundo
Tomei café da manhã, arrumei a bike e fui dar um rolé na cidade
Uma pessoa me falou pra não sair aquele dia
Fui no dia seguinte
Foi um dia lindo
Depois disso, entre altos e baixos, tudo deu certo
Em nenhum momento pensei em desistir
Apesar das dores e tudo
Quando eu cheguei, eu fiquei meio perdido
Acabou... e agora????
Tem a sensação de completar, depois de tanto tempo, na verdade a gente quer que acabe
Leva um tempo pra entender que acabou
Que a gente conseguiu
Aí liga pra casa e quase mata a mãe
A única coisa que você vai conseguir falar é: EU CONSEGUI ... EU TERMINEI!
Apesar de não escrever nada, estou sempre acompanhando
Me lembra muito a minha viagem
Depois a gente se sente “fodão pra caralho”...”
Ontem também conversei com uma amiga que está se preparando para a Meia Maratona do Rio... ela disse que o desafio dela nem se compara ao meu. Mas conversando com ela e com meu irmão eu tenho a certeza de que cada um de nós tem os próprios desafios e eles são grandes para nós, independente do que sejam, senão não seriam chamados DESAFIOS... a preparação, a expectativa, a satisfação a cada passo dado, a incerteza, a dúvida, a vontade que chegue logo, que acabe logo... tudo é igual para todos nós, seja como for, seja o que for... e a sensação da realização ao final também é... meu irmão não foi nada poético na sua última frase, mas ele tem toda razão!!!
Então hoje chego ao final do dia com a certeza que até aqui foi feito todo o possível para que conquistemos o desafio... corpo preparado, mente preparada, as pessoas certas que estão aqui conosco e uma torcida interminável daqueles que nos acompanharam desde o primeiro momento... tudo isso por enquanto é “vento a favor”... e que então Éolo e Netuno dêem sua parte de contribuição, nos tragam bons ventos e um mar "navegável"... podem até nos fazer sofrer lá dentro, mas que nos dêem pelo menos a chance de tentar!!!
Beijos,
Giu.
Não posso dizer que ficamos felizes, pois ao mesmo tempo que aquilo significava não entrar na água fria, também significava que a coisa estava feia... Um vento de cerca de 60km/h fazia com que o mar estivesse muito mexido, tornando impossível qualquer entrada na água. Para quem aguarda por uma notícia de bons ventos para a travessia, essa realmente não era uma boa forma de começar o dia. Me lembrei que um dia bloguei sobre uma prova em que Éolo e Netuno pareciam estar de mau humor... bem, hoje eles não estavam apenas de mau humor, estavam absolutamente revoltados!!!
Acho que agora começamos a viver mais o momento de expectativa por uma brecha dos ventos e do mar. O Igor e o Agnaldo passam o dia vendo as previsões do tempo e falando com Andy, nosso piloto. Estudar as marés faz parte do dever de casa e faz toda a diferença para a decisão final. Não existe dia certo, hora certa... o que existem são possibilidades e a tarefa dos nossos “chefes” é escolher a melhor delas.
Confesso que hoje foi o dia que mais me pegou na expectativa até aqui... até agora não havíamos falado muito sobre quando, que horas, etc... agora a “coisa” toda vai ficando mais real e vai nos fazendo pensar em tudo isso. Quando desci à tarde para escrever (só pega internet no saguão do hotel), conversei com meu irmão pelo Skype e contei do que estava acontecendo. Ele, então, contou para mim um pouco do que ele mesmo passou ao fazer o Caminho de Santiago...
“No meu primeiro dia em Santiago estava chovendo
Na primeira pedalada a bike quebrou
Sentei e pensei o que eu tava fazendo naquele fim de mundo
Tomei café da manhã, arrumei a bike e fui dar um rolé na cidade
Uma pessoa me falou pra não sair aquele dia
Fui no dia seguinte
Foi um dia lindo
Depois disso, entre altos e baixos, tudo deu certo
Em nenhum momento pensei em desistir
Apesar das dores e tudo
Quando eu cheguei, eu fiquei meio perdido
Acabou... e agora????
Tem a sensação de completar, depois de tanto tempo, na verdade a gente quer que acabe
Leva um tempo pra entender que acabou
Que a gente conseguiu
Aí liga pra casa e quase mata a mãe
A única coisa que você vai conseguir falar é: EU CONSEGUI ... EU TERMINEI!
Apesar de não escrever nada, estou sempre acompanhando
Me lembra muito a minha viagem
Depois a gente se sente “fodão pra caralho”...”
Ontem também conversei com uma amiga que está se preparando para a Meia Maratona do Rio... ela disse que o desafio dela nem se compara ao meu. Mas conversando com ela e com meu irmão eu tenho a certeza de que cada um de nós tem os próprios desafios e eles são grandes para nós, independente do que sejam, senão não seriam chamados DESAFIOS... a preparação, a expectativa, a satisfação a cada passo dado, a incerteza, a dúvida, a vontade que chegue logo, que acabe logo... tudo é igual para todos nós, seja como for, seja o que for... e a sensação da realização ao final também é... meu irmão não foi nada poético na sua última frase, mas ele tem toda razão!!!
Então hoje chego ao final do dia com a certeza que até aqui foi feito todo o possível para que conquistemos o desafio... corpo preparado, mente preparada, as pessoas certas que estão aqui conosco e uma torcida interminável daqueles que nos acompanharam desde o primeiro momento... tudo isso por enquanto é “vento a favor”... e que então Éolo e Netuno dêem sua parte de contribuição, nos tragam bons ventos e um mar "navegável"... podem até nos fazer sofrer lá dentro, mas que nos dêem pelo menos a chance de tentar!!!
Beijos,
Giu.
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Estas são as quatro atletas do projeto
6 comentários:
Que texto lindo Giu, tem a sua alma nas palavras!!
Os deuses vão colaborar!!
Beijos
Eu vi vcs na travessia 14 Bis/2010.
Sigam em frente meninas...releiam o texto "Acreditar" antes da travessia e boas braçadas.
Beijos
É isso Giu...o seu irmão tem razão.Depois de altos e baixos, vem a recompensa. O importante é manter na mente o objetivo...e a confiança do grupo nesse mesmo objetivo levará avante o projeto, quer Éolo e Netuno queiram ou não...se bem que eles poderiam cooperar e muuuito, né?
Sucesso sempre e lembre-se que estamos focados em voces com muuuita energia positiva.
Deus abençõe e acompanhe esta incrível jornada.
Até a volta.
Giu, muito bonito o que escreveu. So espelha o que voce é. Pode ter certeza de que Eolo e Netuno também verão tal beleza e se dobrarão à sua passagem. Seu desafio já foi vencido. Bjs grandes
Não sou Anonimo coisa nenhuma. Não sei pq saiu sem meu nome...rsrsr
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
FERNANDO PESSOA
Força ai Galera!!!
Alex