fevereiro 23, 2011
UM TREINO ESPECIAL
Poderia ter sido apenas mais um treino... Mas a travessia Caraguá-Ilha Bela-Caraguá foi muito mais do que isso.
O dia nasceu com um sol lindo, já o anúncio que, por um lado o tempo ajudaria, por outro nos castigaria um pouco. Café da manhã reforçado, energia para começar a travessia... Últimos preparativos da alimentação, hidratação e vamos embora para a praia. O pessoal da TV já estava lá para a cobertura, os barcos estavam a postos para embarcarmos.
Olhei para o horizonte e lá na frente estava Ilha Bela, onde finquei a bandeira na minha imaginação como ponto de chegada da primeira etapa. Longe.
Entrevistas, Lu aquecendo, coisas no barquinho que nos levaria até a traineira de pescadores e tudo pronto! Hora da Lu se jogar ao mar para o primeiro grande teste. Na realidade, uma grande experiência para sabermos mais sobre como seria ficar no barco, se enjoaríamos, o que poderíamos comer, beber, se daria para dormir, como esperar a hora de entrar na água, etc. Claro que metade das condições não eram nem parecidas com o que teremos no Canal: a água estava 28 graus na superfície, baixou durante a prova para 26 graus... Uma banheira morna, se comparada ao Canal. Até São Sebastião o mar estava manso, depois resolveu nos "ajudar" e ficou batido e com corrente, mais semelhante ao que teremos. O sol brilhou e passamos um dia de roupa de banho, o que lá será impossível devido ao ventos frios do norte da Europa. Enfim... Fora tudo diferente, ali, naquele momento, era o nosso Canal.
Acho que a primeira passagem de cada uma foi mais "tensa"... Queríamos acertar a braçada, a distância do barco, o ritmo... Para mim passou muito rápido e entrar de volta no barco foi ótimo... Aí comi, hidratei e comecei a me sentir mais relaxada para aproveitar o resto da travessia. O enjôo tomou conta de alguns, mas de um jeito ou de outro, todos acabaram se acomodando para o restante das horas que teríamos pela frente. O barco não é confortável... Não foi aqui e não será lá! O espaço para toda a equipe se acomodar é mínimo, mais toda comida e equipamentos... Mas é necessário se adaptar a isso e respeitar o pequeno espaço de cada um.
Ilha Bela foi parecendo mais e mais perto, minha bandeira imaginária se aproximava e eu ficava imaginando quando aquilo for a França e estivermos próximas à metade do nosso desafio. Fizemos quase seis horas até a Ilha Bela, ficamos todos satisfeitos, pois estava dentro do planejado: seis para ir e seis para voltar. Não deu para deixar escapar o pensamento que se cumpríssemos isso, logo eu estaria nadando naquela imensidão na completa escuridão... Isso me deixou meio apreensiva e até pensei em nadar mais rápido para adiantar... Mas foi só um pensamento... A chegada em Ilha Bela foi engraçada, havia banhistas na praia e ficaram olhando a Martinha chegar, levantar e sair... E eu ali filmando. "De onde surgiram essas loucas?", eles devem ter pensado...
Logo que começamos a volta, passei minha bandeira imaginária para o outro lado, fixando-a lá na pontinha da praia da qual tínhamos saído. Longe.
O Igor e o Luis, o pescador que nos conduzia, decidiram por um caminho diferente na volta, faríamos da Ilha para Caraguá direto, sem passar por São Sebastião, por alto mar. Havia uma corrente boa que nos adiantaria um pouco. A única desvantagem foi que as ondas estavam bem maiores e apanhamos um pouco do mar para voltar. Uma das coisas que mais senti foi o salgado do mar... Às vezes o gosto de sal era insuportável e torcia para a hora de colocar algo doce na boca. Foi o maior incômodo que realmente senti. O barco balançou muito na volta, o sol foi baixando e o cansaço chegando. As conversas animadas do começo foram dando lugar a um olhar fixo ao destino, a uma soneca, ao som do mar. Tudo isso, é claro, enquanto a Pri descansava, pois quando ela resolvia ficar "de pé", a risada era inevitável... Uma hora eu estava nadando e percebia todos no barco rindo... Mais tarde soube das piadas...
A volta foi bem mais rápida, a corrente realmente ajudou e chegamos ainda com sol... Confesso que isso me deixou bem feliz, pois por mais que eu saiba que teremos que nadar à noite, essa é a única coisa com a qual ainda não me sinto confortável.
A praia foi chegando, a minha bandeira imaginária se aproximando... Cada um deu seu pequeno depoimento do que tinha significado aquilo e para mim foi inevitável pensar que havia sido apenas metade ou menos do que teremos no Canal. Fizemos a travessia em 10 horas e 14 minutos, a própria Lu, que havia iniciado a travessia, foi quem levantou do mar na chegada. Para cada uma de nós aquele dia significou algo, para cada uma foi um aprendizado e uma maneira de entender um pouco melhor o que enfrentaremos no Canal... Acho que agora entendemos um pouquinho mais o quanto é grande nosso desafio, o quanto já fizemos para chegar aqui e, principalmente, o quanto ainda falta para podermos levantar nossa bandeira quando completarmos nossa travessia na Inglaterra...
Bjs, Giu!
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Estas são as quatro atletas do projeto
4 comentários:
Mto legal o treino de vcs!!
Desejo mto sorte neste desafio.
Giu,
Como sempre, demais o seu relato sobre o treino!!
Realmente foi um dia incrível, que serviu, além como treino para volume de nado, para sentir as adversidades que encontraremos lá no dia no Canal.
Foi ótima a experiência!
Como eu te disse pessoalmente, voltei com uma cabeça muito diferente do que eu fui. Ainda bem que ainda temos 4 meses, pois tenho muito a trabalhar ainda...
Bjos,
Lu
Parabéns meninas...estou na torcida.
bjs
Estou a tempos querendo falar com vocês, mas como existem os desencontros vou deixando meus comentários e torcida. Nado tb nas Maratonas com o Igor, já conversei rapidamente com vocês, em algumas provas e queria aqui novamente mandar minha torcida pra vocês, eu tentei entrar em contato com vocês para se precisassem algo de Ilhabela já que moro aqui, mas enfim fizeram bem o percurso. Foi um belo treino imagino apesar da agua estar com uma temperatura bem diferente da que vocês vão pegar por la.
Começo meus treinos com o Igor em junho, justo quando vocês vão estar com sucesso tenho certeza atravessando o canal e voltando nadando. Por isso mais uma vez, quero dizer que estou na torcida, estou acompanhando tudo que escrevem, postam, pois se tudo correr bem, daqui um ano serei eu a estar neste pique, nesta adrenalina para atravessar o Canal da Mancha.
com muito carinho e uma grande torcida de alguém que vocês nem conhecem mas que esta na torcida e com emoção quando vocês estão na agua.
um beijão a todas e a todos
Harry Finger